Tumores
O termo “tumor” é utilizado para designar qualquer inchaço ou tumefação, edema ou massa. Neste último caso, remete à proliferação celular descontrolada e descoordenada em comparação com o tecido normal.
Os tumores odontogênicos acometem exclusivamente os ossos gnáticos (mandíbula e maxila), tendo origem a partir da proliferação do tecido epitelial, do tecido mesenquimal ou de ambos.
Ameloblastoma:
- É o tumor odontogênico mais comumente encontrado na prática clínica;
- É originário da proliferação do epitélio odontogênico, apresentando um crescimento lento, localmente invasivo e, na maioria das vezes, de curso benigno;
- Pode ser subdividido da seguinte forma:
- Ameloblastoma sólido convencional ou multicístico – representa cerca de 86% dos casos
- Ameloblastoma unicístico – representa cerca de 13% dos casos
- Ameloblastoma periférico – representa cerca de 1% dos casos
- Seu diagnóstico diferencial radiográfico pode incluir displasia fibrosa na fase radiolúcida, lesão central de células gigantes, mixoma, odontoma, cisto dentígero, queratocisto e lesões do tumor marrom do hiperparatiroidismo.
Ameloblastoma sólido convencional ou multicístico:
- É encontrado em uma ampla variação etária e não apresenta predileção por sexo;
- Cerca de 80 a 85% ocorre em mandíbula, principalmente na região de ramo e corpo, enquanto 15 a 20% ocorre em maxila, principalmente nas regiões posteriores;
- Clinicamente, encontra-se uma tumefação indolor que, se não for tratada, pode atingir grandes proporções.
Radiograficamente, encontra-se uma lesão radiolúcida, multilocular e com festonamento irregular nas margens. Também pode ser detectada expansão das corticais lingual e vestibular, bem como reabsorção das raízes dos dentes adjacentes ao tumor.
Estudos mostram uma taxa de recidiva variante de 50 a 90%, sendo que os períodos livres de doença não indicam cura.
Ameloblastoma unicístico:
- Costuma ser encontrado em pacientes mais jovens, principalmente por volta dos 23 anos;
- Cerca de 90% dos ameloblastomas unicísticos surgem na região posterior da mandíbula e, não raro, podem envolver terceiros molares não erupcionados lembrando um cisto dentígero;
- Frequentemente, é assintomático, mas pode causar um aumento de volume indolor nos ossos gnáticos a depender da proporção da lesão;
- Radiograficamente, encontra-se uma lesão radiolúcida, circunscrita e unilocular. Em alguns casos tal lesão pode apresentar margens com contorno festonado.
- Estudos mostram uma taxa de recidiva variante de 10 a 20%.
Odontoma:
- É o tipo de tumor odontogênico mais comum, sendo originário tanto da proliferação do epitélio odontogênico quanto da proliferação do ectomesênquima odontogênico;
- Pode ser dividido da seguinte forma:
- Odontoma composto: é formado por múltiplas estruturas pequenas, semelhantes a dentes;
- Odontoma complexo: é formado por uma massa de esmalte e dentina, mas que não apresenta semelhança anatômica com um dente.
- Costuma ser encontrado nas primeiras décadas de vida, principalmente por volta dos 14 anos;
- Como as lesões são assintomáticas e pequenas é comum que sejam encontradas durante exames radiográficos de rotina;
- Embora possam ocupar qualquer sítio, os odontomas compostos são frequentemente encontrados na região anterior da maxila, enquanto os odontomas complexos são mais prevalentes na região posterior de maxila e mandíbula;
- Radiograficamente, o odontoma composto se mostra como um conjunto de estruturas radiopacas de tamanho e forma variáveis e cercadas por uma delgada margem radiolúcida. Por outro lado, o odontoma complexo se mostra como uma estrutura radiopaca única e cercada por uma delgada margem radiolúcida.
ODONTOMA COMPOSTO
ODONTOMA COMPLEXO
- Seu diagnóstico diferencial radiográfico pode incluir fibroma ossificante, displasia cementaria periapical, tumor odontogênico adenomatoide e cisto odontogênico epitelial calcificante.
Mixoma:
- É um tumor odonotogênico originário da proliferação do ectomesênquima odontogênico;
- Pode ser encontrado em qualquer faixa etária, mas é mais prevalente em adultos jovens, sendo detectado por volta dos 25 aos 35 anos;
- Pode surgir em qualquer região dos ossos gnáticos, porém a mandíbula costuma ser mais acometida que a maxila;
- Como as lesões menores são assintomáticas, sua detecção ocorre durante exames radiográficos de rotina. As lesões maiores, embora indolores, causam expansão óssea, o que pode levar o paciente a buscar por um profissional da área da saúde;
- Radiograficamente, encontra-se uma lesão radiolúcida, unilocular ou multilocular e que pode causar deslocamento ou reabsorção dos dentes adjacentes. Ademais, tal lesão apresenta margens irregulares ou arredondas e pode conter trabéculas ósseas irrelevantes que se arranjam em ângulos retos umas com as outras.
- Seu diagnóstico diferencial radiográfico e clínico pode incluir hemangioma intraóssea, displasia fibrosa, ameloblastoma, lesão central de células gigantes, cisto ósseo traumático e alguns cistos odontogênicos.