Lesões fibro-ósseas dos ossos gnáticos

Lesões fibro-ósseas dos ossos gnáticos

As lesões fibro-ósseas são caracterizadas pela substituição do osso normal por tecido fibroso contendo material mineralizado.

São incluídas nessa categoria as seguintes lesões:

  • Displasia fibrosa
    1. Displasia fibrosa monostótica
    2. Displasia fibrosa poliostótica
  • Displasia cemento-óssea
    1. Displasia cemento-óssea focal
    2. Displasia cemento-óssea periapical
    3. Displasia cemento-óssea florida
  • Fibroma ossificante

Displasia fibrosa

É caracterizada pela substituição do tecido ósseo normal por tecido conjuntivo fibroso com trabéculas ósseas irregulares.

É uma condição resultante de mutação pós-zigomática.

Clinicamente, pode se manifestar envolvendo um único osso, múltiplos ossos ou ainda, envolvendo múltiplos ossos e causando anomalias cutâneas e endócrinas.

A severidade clínica da doença depende do momento de ocorrência da mutação.

Displasia fibrosa monostótica

Recebe essa denominação quando está limitada a um único osso.

A versão monostótica representa cerca de 80 a 85% de todos os casos em maxila e mandíbula.

Costuma ser diagnosticada por volta da segunda década de vida, apresentando incidência semelhante em homens e mulheres.

Estudos mostram que a maxila costuma ser mais afetada que a mandíbula.

Clinicamente, pode-se encontrar um aumento de volume lento e indolor na área afetada.

Radiograficamente, pode-se encontrar uma leve opacidade (região clara) do tipo “vidro despolido” resultante da deposição desorganizada de osso pouco calcificado. Além disso, a lesão é mal delimitada e os dentes envolvidos mostram estreitamento do espaço do ligamento periodontal. Em mandíbula, há uma expansão das corticais vestibular e lingual, enquanto em maxila, há uma obliteração do seio maxilar.

Aspecto de “vidro despolido”

Fonte: NEVILLE, 2009.

Expansão da cortical mandibular e aspecto de “vidro despolido”

Fonte: NEVILLE, 2009.

Displasia fibrosa poliostótica

Recebe essa denominação quando envolve dois ou mais ossos.

Clinicamente, pode-se encontrar sintomas associados aos ossos longos como, por exemplo, discrepância entre o comprimento das pernas. Também pode-se encontrar hipofosfatemia (concentração plasmática de fosfato abaixo do normal) e manchas acastanhadas, bem definidas e de margens irregulares localizadas no tronco e nas coxas.

Mancha acastanhada
Fonte: NEVILLE, 2009.

Displasia cemento-óssea

É a lesão fibro-óssea mais comumente encontrada na rotina clínica.

Alguns autores sugerem que as lesões são originárias do ligamento periodontal, haja vista que, radiograficamente, nota-se o estreitamento deste. Outros autores afirmam que as lesões são originárias de um defeito no remodelamento ósseo.

Displasia cemento-óssea focal

Recebe esse nome por acometer um único sítio.

Costuma ser diagnosticada por volta da terceira à sexta década de vida e, embora possa acometer qualquer região dos ossos gnáticos, a parte posterior da mandíbula é o sítio predominante.

Por ser assintomática, geralmente é detectada em exames radiográficos com outra finalidade.

Radiograficamente, a lesão pode assumir um aspecto completamente radiolúcido (escuro) ou misto – radiolúcido e radiopaco (claro). Tende a ser bem definida, embora suas margens sejam irregulares.

Aspecto completamente radiolúcido
Fonte: NEVILLE, 2009.
Aspecto misto
Fonte: NEVILLE, 2009.

Displasia cemento-óssea periapical

Recebe esse nome por acometer a região periapical dos dentes, em especial na porção anterior da mandíbula.

Costuma ser diagnosticada por volta da terceira à quinta década de vida e apresenta predileção pelo sexo feminino.

Os dentes associados à lesão são quase sempre vitais e não costumam ter restaurações pregressas.

Por ser assintomática, geralmente é detectada em exames radiográficos com outra finalidade.

Radiograficamente, a lesão em estágio inicial assume um aspecto radiolúcido (escuro) circunscrito que envolve a região periapical de um ou mais dentes. A lesão em estágio intermediário assume um aspecto misto e em estágio final, assume um aspecto radiopaco (claro) circundado por um halo radiolúcido (escuro).

Lesão inicial
Fonte: NEVILLE, 2009.

Lesão intermediária

Fonte: NEVILLE, 2009.

Lesão avançada

Fonte: NEVILLE, 2009.

Displasia cemento-óssea florida

Recebe esse nome porque apresenta um envolvimento multifocal, ou seja, não está limitada a uma única região do osso.

Acomete, principalmente, mulheres negras de meia idade.

Geralmente, é assintomática, sendo detectada em exames radiográficos com outra finalidade. O paciente pode-se queixar ainda de dor persistente e de baixa intensidade.

As lesões demonstram uma tendência ao envolvimento bilateral simétrico.

Radiograficamente, as lesões iniciais apresentam aspecto radiolúcido (escuro), as intermediárias apresentam aspecto misto e as mais avançadas apresentam aspecto radiopaco (claro) com um halo radiolúcido (escuro) na periferia.

Múltiplas lesões de aspecto misto

Fonte: NEVILLE, 2009.

Múltiplas lesões de aspecto radiopaco

Fonte: NEVILLE, 2009.

Fibroma ossificante

É considerado um neoplasma verdadeiro, composto por tecido fibroso que contém uma mistura variável de estruturas mineralizadas.

Costuma ser detectado por volta da terceira à quarta década de vida e acomete, principalmente, mulheres.

O sítio de predileção do fibroma ossificante é a região de pré-molares e molares inferiores.

As lesões menores costumam ser assintomáticas, sendo detectadas em exames radiográficos com outra finalidade. As lesões maiores podem resultar em aumento de volume indolor do osso envolvido, causando assimetria facial. Neste último caso, o paciente pode desenvolver também dor e parestesia.

Radiograficamente, a lesão lembra a displasia cemento óssea focal. Então, geralmente é unilocular, bem definida e seu aspecto depende da quantidade de material acumulado – completamente radiolúcida (escura) ou mista.

Fonte: NEVILLE, 2009.
Fonte: NEVILLE, 2009.

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