Cistos

Cistos

São conceituados como cavidades patológica revestidas total ou parcialmente por tecido epitelial. Tais cavidades podem estar vazias, mas quase sempre são preenchidas por um conteúdo cítrico e de coloração dependente do pigmento acumulado

O mecanismo principal de expansão dos cistos não está relacionado à proliferação epitelial, mas sim à pressão hidrostática. Isso porque, em função do acúmulo de proteínas pela massa celular, é gerada uma pressão oncótica muito grande no interior da cavidade. A partir de então, uma elevada quantidade de líquido é atraída para a região e à medida que se acumula, contribui para a formação da pressão hidrostática intracavitária. Como o líquido não é drenado, a pressão sobre as paredes do cisto aumenta cada vez mais, estimulando a expansão.

Fonte: http://patoestomatoufrgs.com.br/patologia-bucal/3_cistos.php

Tipos de lesões císticas:

  1. Cistos inflamatórios: caracterizados por uma inflamação primária, ou seja, a inflamação desencadeia a formação do cisto
  2. Cistos de desenvolvimento: caracterizados por uma inflamação secundária, ou seja, a formação do cisto desencadeia a inflamação
  3. Cistos odontogênicos: são originários do epitélio residual da odontogênese tanto da lâmina dentária quanto da bainha radicular de Hertwig
  4. Cistos não odontogênicos: são originários de epitélios residuais da formação de processos faciais constituintes, principalmente, do ducto nasopalatino e do ducto nasolacrimal

Cistos odontogênicos

Cisto dentígero
  • Representa 20% de todos os cistos odontogênicos que se desenvolvem nos ossos gnáticos (maxila e mandíbula)
  • Surge envolvendo a coroa de um dente impactado, sendo os terceiros molares inferiores os mais acometidos. Outros sítios frequentemente afetados incluem canino e terceiros molares superiores, bem como primeiros pré-molares inferiores
  • Costuma ser encontrado em pacientes na faixa etária dos 10 aos 30 anos e apresenta uma leve predileção pelo sexo masculino
  • De modo geral, quando pequenos, os cistos dentígeros são assintomáticos e, portanto, descobertos em exames radiográficos de rotina
  • Radiograficamente, nota-se uma área radiolúcida, unilocular e de margens bem definidas ao redor da coroa do dente não erupcionado
Fonte: NEVILLE, Brad W. et al.
  • Radiograficamente, nota-se uma área radiolúcida e com margens escleróticas bem definidas. Quando acomete o ramo da mandíbula, costuma se apresentar lesão multilocular
  • Contudo, muitas vezes, as características radiográficas não são suficientes para diferencias o queratocisto odontogênico de outros cistos
Queratocisto odontogênico
  • Representa 3 a 11% de todos os cistos odontogênicos que se desenvolvem nos ossos gnáticos (maxila e mandíbula)
  • Pode ser encontrado em pacientes de idade variável, mas é mais comum na faixa etária entre os 10 e 40 anos e apresenta uma leve predileção pelo sexo masculino
  • Quando pequenos, são assintomáticos e, portanto, descobertos em exames radiográficos de rotina. Quando grandes, podem estar associados a dor, edema ou ausência de sintomas
  • Em 60 a 80% dos casos, o queratocisto odontogênico surge em mandíbula, principalmente na região posterior de corpo e ramo da mandíbula
Fonte: NEVILLE, Brad W. et al.
  • Radiograficamente, nota-se uma área radiolúcida e com margens escleróticas bem definidas. Quando acomete o ramo da mandíbula, costuma se apresentar lesão multilocular
  • Contudo, muitas vezes, as características radiográficas não são suficientes para diferencias o queratocisto odontogênico de outros cistos
Fonte: NEVILLE, Brad W. et al.

Cisto periodontal lateral

  • Representa menos de 2% de todos os cistos odontogênicos que se desenvolvem nos ossos gnáticos (maxila e mandíbula)
  • Surge ao longo da superfície radicular lateral de um dente
  • Geralmente, é assintomático sendo detectado em exames radiográficos de rotina
  • É mais comumente encontrado em pacientes na faixa etária dos 50 aos 70 anos
  • Cerca de 75 a 80% dos casos ocorre em região de pré-molares, canino e incisivo lateral inferiores
  • Em sua versão botrioide, apresenta um aspecto de cachos de uva em função dos pequenos cistos individuais
  • Radiograficamente, nota-se uma lesão radiolúcida, unilocular ou multilocular, localizada lateralmente à raiz de dentes com vitalidade pulpar e com menos de 1cm de diâmetro
Fonte: NEVILLE, Brad W. et al.

Cisto odontogênico glandular

  • É um tipo raro de cisto odontogênico e pode apresentar comportamento agressivo
  • É mais comumente encontrado em adultos de meia-idade, sendo diagnosticado por volta dos 48 anos
  • Acomete mandíbula em 75% dos casos, apresentando predileção pela região anterior desta
  • Seu tamanho é muito variável, indo de lesões com menos de 1cm de diâmetro a lesões que envolvem mandíbula e maxila quase totalmente
Fonte: NEVILLE, Brad W. et al.
  • Radiograficamente, nota-se uma lesão radiolúcida, unilocular ou multilocular, com margens bem definidas e bordas escleróticas
Fonte: NEVILLE, Brad W. et al.

Cistos não odontogênicos

O cisto não odontogênico mais comum na cavidade oral é o cisto do ducto nasopalatino ou cisto do canal incisivo, o qual acomete cerca de 1% da população

Fonte: NEVILLE, Brad W. et al.
  • Acredita-se que seja originário do remanescente do ducto nasopatino – estrutura localizada dentro do canal incisivo, ligando cavidade nasal e oral.
  • Normalmente, este ducto costuma regredir em humanos, mas pode deixar remanescentes epiteliais nos canais incisivos.
  • Os cistos do ducto nasopalatino podem se desenvolver em qualquer faixa etária, porém são mais observados dos 40 aos 60 anos e apresentam predileção pelo sexo masculina.
  • Quando assintomáticos são identificados em exames radiográficos de rotina. Quando sintomáticos, costuma-se encontrar tumefação da região anterior do palato e relato de dor.
  • Radiograficamente, nota-se uma lesão radiolúcida e bem circunscrita entre os ápices dos incisivos centrais inferiores. Geralmente, tal lesão apresenta um formato redondo, ovalado ou de pera invertida e seu diâmetro varia de 6 mm a 6 cm.
Fonte: NEVILLE, Brad W. et al.

Vale ressaltar que um cisto do ducto nasopalatino pequeno é muito semelhante a um forame incisivo grande, sendo, portanto, difícil distingui-los.

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